Editorial: Fátima reina sozinha
Nunca um governante no RN reinou com tão pouca resistência institucional e oposição política como a governadora Fátima Bezerra. Os governos Wilma, Rosalba e Robinson sofreram o escrutínio diário das lupas do Ministério Público e do Ministério Público de Contas (TCE) e da mídia aguerrida. Comeram o pão que o Diabo amassou nas mãos dos promotores de justiça e dos procuradores de contas talibãs, além de travar uma luta inglória com o combativo e articulado MARCCO, hoje tão silencioso e quieto em berço esplêndido.
Fátima, não. Ela e seu governo contam com a parcimoniosa parceria do TCE/MPC e com o obsequioso silêncio do MPRN. O Tribunal de Justiça teme pelo atraso ou parcelamento do repasse dos subsídios e tem sido parceiro do governo no enfrentamento à dita crise fiscal. Até quando o TCE inspecionou o contrato da Arena das Dunas e publicou um relatório bombástico, o governo Fátima retrucou com um relatório ainda mais recheado de novidades com a grife da Controladoria Geral do Estado.
Internamente Fátima também não conta com oposição ao seu modo solitário e autoritário de governar. Seu partido depende exclusivamente dela ante o naufrágio político do outrora bicho-papão Fernando Mineiro, ex-quase deputado federal, atual gestor de algo que não se sabe o que faz, o Governo Cidadão. E a patricinha bolivariana Natália Bonavides, deputada federal que destronou Mineiro, ainda não ganhou musculatura suficiente para fazer sombra aos carões públicos que Fátima costuma dar em assessores e correligionários.
Fátima reina sozinha. Não divide a bola. Gosta de marcar gol. Chama os empresários para conversar e dobra os contrários pela força do cargo. A mídia é domesticada. A sociedade civil vive às custas de bolsa família e auxílio emergencial. A oposição política doméstica não mora na Praça 7 de setembro nem no Planalto Central.
Fátima reina sozinha como nem Aluísio Alves conseguiu, tanto que acabou cassado e seus irmãos perseguidos, logo depois que deixou o Palácio Potengi. E a culpa não é dela, ao contrário, o exercício do poder sempre estimulou a luta da professora caipira e desengonçada Fátima Bezerra.
Novos ventos não sopram no Rio Grande do Norte. A velha taba de Poti virou uma gangorra de antigos interesses sob a denominação de parceria. Fátima reina sozinha. E com total liberdade.
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