Vivência do luto: o que fazer com os pertences de quem partiu?

28/11/2022 às 10:52


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Lidar com a morte de um ente querido é uma situação difícil para a grande maioria das pessoas. Mesmo diante da tristeza e dor da partida, os parentes precisam resolver os trâmites burocráticos que envolvem o funeral e o sepultamento ou cremação. Passado algum tempo, o que fica é a saudade e a lembrança. Além disso, a família também precisa decidir uma questão: o que fazer com os pertences de quem faleceu? Mexer nos objetos da pessoa falecida costuma ser doloroso para muitos, porque remete a memórias através de cheiros, histórias, fotos, documentos, roupas e demais apetrechos.

A psicóloga especialista em luto do Morada da Paz, Simône Lira, fala que entrar em contato com esses objetos aos poucos é estratégico para o enfrentamento do luto. “Começar pelos documentos que precisam ser guardados ou até mesmo usados para as questões burocráticas que precisamos resolver diante da morte do ente querido ajuda o enlutado a lidar aos poucos com o processo de adaptação a um mundo novo em que não haverá a presença física do ente querido perdido”, diz.

Segundo ela, o processo de luto é individual e se faz importante que a decisão possa ser tomada em conjunto com outros membros da família. No caso de celular, computador, roupas, sapatos, perfumes, livros e demais produtos, há a opção de doar tudo para instituições de caridade, se isso fizer sentido para todos ou tenha sido um pedido feito pelo próprio ente antes de morrer. “Pode ser que doando para alguma instituição ou pessoas necessitadas, os familiares se sintam bem. Tudo isso sem pressa e respeitando o tempo e os limites de cada um. Também pode reunir os parentes que desejam ficar com algum ou alguns materiais que remetam a lembranças importantes do ente querido falecido, como uma forma de respeitar e validar o vínculo existente entre eles”, orienta.

Para o processo de organização dos pertences, se faz importante eleger alguém com maior intimidade com a pessoa falecida, pois isso é uma forma de respeito ao legado dela. É provável que ao revirar os itens, segredos ou situações nunca revelados a ninguém da família, venham à tona através de fotos, bilhetes, cartas ou documentos encontrados. O que fazer diante disso vai depender do funcionamento de cada núcleo familiar. “Devemos lembrar que ainda que a pessoa perdida não esteja mais fisicamente presente entre nós o respeito à sua autonomia e dignidade diante de sua existência tem um papel importante no processo de luto dos que permanecem. Essa é uma forma de honrar o amor vivido e a permanência do vínculo contínuo”, pontua a psicóloga.

No entanto, nem todos que perdem um ente querido deve se desfazer dos objetos. A decisão vai de acordo com os desejos de cada família. Alguns materiais farão sentido permanecer guardados, outros serão divididos entre os membros da família que desejarem, outros doados e demais descartados. “A depender de crenças e possibilidades emocionais, cada pessoa vai decidir quando fazer isso. É importante respeitar o ritmo e os desejos de cada um para que não sejam tomadas decisões irreversíveis, como jogar fora coisas que gostariam que permanecessem guardadas”, destaca.

Pets – A relação entre animais e humanos é algo que veio se modificando diante dos anos. Hoje, os pets são membros da família e companheiros fiéis com total disponibilidade afetiva para os seres humanos. O processo de luto pela perda de um animal sofre grandes impactos pela não validação social ou julgamento por parte dos que desconsideram essa dor. Acolher e reconhecer a dor do enlutado como legítima traz para ele a possibilidade de vivenciar seu luto de forma mais adaptativa.

“Os objetos do pet falecido podem ser doados para outros animais desde que ele não tenha sido vitimado por doenças contagiosas. Guardar alguns deles que façam sentido para a pessoa enlutada, criar cestinhas de memórias ou até mesmo um altar para o pet são possibilidades. É importante que a decisão seja respeitada e que o tutor se sinta confortável em dividir suas dores com alguém que servirá de base segura e facilitador diante dessa experiência dolorosa”, recomenda a psicóloga do luto do Morada da Paz Simône Lira.

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