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Polícia apura se o PCC induziu um de seus líderes a cometer suicídio

Eram 16h30 do dia 4 de maio deste ano quando Rafael Maeda Pires, 31, o Japonês ou Japa, apontado como um dos homens fortes do PCC (Primeiro Comando da Capital) na zona leste de São Paulo, enviou pelo telefone celular a seguinte mensagem à mulher dele: "Cuida bem da nenê. Eu te amo".

Uma hora depois, ele foi encontrado morto com dois ferimentos na cabeça dentro de um Toyota Corolla preto, blindado, no subsolo do edifício comercial Castelhana Offices, no Tatuapé, zona leste, palco de uma guerra com várias baixas envolvendo narcotraficantes ligados ao PCC.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar um possível caso de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. A suspeita das autoridades é que Japa tenha sido obrigado a se matar por ordem do chamado "tribunal do crime" do PCC, caso contrário seria assassinado.

Alguns fatos intrigam os investigadores. O telefone celular de Japa, um iPhone 14, sumiu. Dentro do Corolla foi apreendida uma pistola Beretta, 9mm, com 16 cápsulas intactas e do lado de fora outro projétil do mesmo calibre. O motor do veículo estava ligado e a porta do motorista aberta.

Pistola era de amigo
Policiais apuraram que a arma era de um amigo de Japa. O amigo prestou depoimento e contou que havia se encontrado com ele no Tatuapé, na tarde de 4 de maio, para pagar uma dívida de R$ 1.500. Ele acrescentou à polícia que foi ao local de moto.

Disse ainda que carregava uma mochila camuflada e entrou no carro de Japa. Revelou também que um motorista buzinou reclamando de que a moto dele estava atrapalhando o trânsito. Ele então desceu do veículo para estacionar a motocicleta em outro lugar.

Ao retornar conversou com Japa por alguns minutos, se despediu dele, pegou suas coisas e foi embora. Por volta das 18h foi informado por telefone de que Japa havia se matado usando a arma dele e só quando chegou em casa notou que a pistola não estava na mochila.

Segundo os agentes, Japa foi ao edifício porque estava interessado em salas comerciais de um empresário amigo dele. A Polícia Civil analisa imagens das câmeras de segurança do condomínio para tentar elucidar o caso.

"Tribunal do crime"
Japa foi investigado por suposta participação na trama que envolve a prisão do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 36, acusado de ser o mandante dos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e de um motorista dele, em dezembro de 2021 no Tatuapé.

Policiais dizem que Cara Preta e Japa eram amigos e chefes do tráfico de drogas na favela Caixa D'Água, em Cangaíba, na zona leste. Segundo a polícia, Vinícius mandou matar Cara Preta porque recebeu da vítima R$ 40 milhões para investir em criptomoedas, desviou o dinheiro e o golpe foi descoberto.

Vinícius foi indiciado pelo duplo homicídio. Ele ficou preso, mas agora responde ao processo em liberdade e nega envolvimento no crime. No dia do assassinato de Cara Preta e do motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, mortos a tiros, o empresário foi sequestrado.

Ele alegou que Japa foi um dos homens que o levaram para dois cativeiros e o libertaram. De acordo com as investigações, o empresário pagou R$ 200 mil para o atirador Nóe Alves Schaun, 42, matar Cara Preta. O pistoleiro teria sido contratado pelo agente penitenciário David Monteiro da Silva, 38.

Depois da morte de Cara Preta, o "tribunal do crime" do PCC entrou em ação para descobrir os assassinos e a motivação do caso. Japa e Cláudio Marcos de Almeida, 50, o Django, outro chefe do tráfico de drogas na Favela Caixa D'água, teriam sido recrutados pela facção criminosa para "presidir o júri".

Vinícius só não foi morto em um dos cativeiros graças à intervenção de Django. Porém, por agir em defesa do empresário e não ter impedido o assassinato de Cara Preta, Django foi enforcado e jogado sob o Viaduto da Vila Matilde, zona leste, em 23 de janeiro de 2022.

Noé também foi decretado à morte pelo "tribunal do crime" do PCC e acabou torturado, esquartejado e teve a cabeça decepada. Ao lado dos restos mortais havia um bilhete do PCC chamando-o de "pilantra" e de assassino de Cara Preta e Sem Sangue.

A polícia suspeita de que Japa deu a ordem para matar Noé e Django e que pode ter sido induzido pelo PCC a cometer suicídio, por motivos ainda não esclarecidos. A reportagem não conseguiu falar com os advogados de Rafael Maeda Pires.

As defesas de Vinícius e David afirmam que os clientes são inocentes de todas as acusações e que tudo será provado no curso processual.

Josmar Josino - UOL

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