Ainda não há uma data para os estudantes Francisco Chagas Barbalho Neto, de 24 anos e Roosevelt de Araújo Sales Júnior, de 29, ambos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), que participam de um intercâmbio em Israel, deixarem o País. Isso porque, de acordo com a Ufersa, o Itamaraty não autorizou o deslocamento dos dois ao aeroporto de Tel Aviv, em razão dos riscos de ataques durante o percurso. Neto e Júnior estão instalados na pequena Hatzeva, distante cerca de duas horas do aeroporto. O local não é alvo do conflito.

A reportagem conversou com os estudantes na manhã desta segunda-feira (9). À reportagem, os dois se disseram tranquilos, mas afirmaram querer voltar para o Brasil. “Estamos muito ao Sul de Israel, então, não houve nenhum ataque e a vida continua, diferentemente do caos em que se encontram os grandes centros. O medo da guerra nós temos, mas, por estarmos distantes, nosso receio é mais com a logística para voltar ao Brasil, porque é um momento muito delicado para se locomover pelas estradas, já que há infiltrados nas rodovias”, pontua Neto.

O colega dele, Roosevelt Júnior, disse que agora os dois devem aguardar as decisões do Governo brasileiro para a saída de Israel. “Todos fomos pegos de surpresa e isso foi muito chocante, mesmo sabendo que sempre houve conflito nessa região. Felizmente, estamos bem e seguros. Em momento algum corremos risco, mas sabemos que se as coisas tomarem uma proporção maior, não haverá lugar seguro em Israel. Diante disso, a gente pretende antecipar o retorno para o Brasil”, afirma. 

Ele e o colega chegaram a Israel na última terça-feira (3) para um intercâmbio de 45 dias em um das empresas da região. A volta para o Brasil estava marcada para o dia 16 de novembro. A reitora da Ufersa,  Ludimilla Oliveira, informou que está acompanhando a situação junto ao Itamaraty. “Tive uma reunião esta manhã com a Embaixada em Israel. Fizemos o protocolo para trazer os estudantes ao País, mas o impasse é o deslocamento deles até o aeroporto. Os dois estão em local seguro, mas o que nos impede é o trajeto [até Tel Aviv], que não foi autorizado pelo Itamaraty”, descreve a reitora.

Segundo ela, não há nenhuma definição de quando os potiguares serão repatriados. No domingo (8), um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Natal com destino a Roma, na Itália, para repatriar os brasileiros que tentam sair da Palestina ou de Israel em razão do conflito. 

A aeronave chegou em Roma de madrugada, por volta das 2h50, horário de Brasília, por volta das 7h50 na Itália. A expectativa da FAB é que o avião siga da Itália e pouse em Tel Aviv na tarde de hoje ou na terça-feira (10) para a primeira repatriação de brasileiros.  

A reitora da Ufersa disse não haver uma negativa, por parte do Itamaraty para a repatriação dos estudantes nesta primeira operação, mas também não há nenhuma confirmação. “A gente está acompanhando passo a passo e não recebemos negativa nem confirmação sobre a possibilidade de embarque nas próximas horas. Solicitamos a saída deles com prioridade, mas a situação no momento é essa, de pensar na logística do deslocamento”, explicou.

Tribuna do Norte