A entrada em vigor do Drex, o real digital, tem, segundo especialistas, o potencial de mudar para melhor as atuais relações de consumo em transações como a compra, venda ou transferência de titularidade de veículos ou imóveis, além de ajudar na solicitação de crédito, inclusive rural, e ainda colaborar para eliminar parte da burocracia existente atualmente nos cartórios. Ainda não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer em 2025.
“O Drex promete impactar a vida das pessoas ao oferecer uma série de vantagens. Uma das principais será a redução de custos nas transações financeiras, já que elimina intermediários e taxas associadas a processos tradicionais. Além disso, proporcionará economia de tempo, com transferências e pagamentos ocorrendo de forma instantânea, em qualquer hora ou dia”, afirma Nathaly Diniz, responsável por tokens e vendas institucionais da Lumx, especializada em infraestrutura blockchain, a tecnologia por trás do Drex.
O blockchain é uma tecnologia já usada em algumas transações do sistema financeiro, criptomoedas e também nos sistemas de cloud (armazenamento de dados em nuvem), e funciona como um sistema descentralizado para registrar transações. Ele possibilita que os participantes não somente registrem suas atividades, mas também acessem o histórico completo de transações de todos os usuários na rede, garantindo assim maior transparência e segurança.
Comparação com o Pix
Alguns apostam até que a nova plataforma do Drex será tão revolucionária quanto o Pix. Um deles é Márlyson Silva, CEO da Transfero, empresa de soluções financeiras baseadas em blockchain. “Assim como o Pix revolucionou os pagamentos instantâneos, o Drex vai simplificar compras, transferências e pagamentos de forma mais eficiente”, afirma Silva, profissional que já atuou no setor bancário e de pagamentos eletrônicos durante mais de uma década.
Atualmente são 13 os temas que estão em fase de testes para o real digital. No dia 14 deste mês, o Banco Central começou a receber propostas de entidades interessadas em participar da segunda fase. Essas propostas devem focar no desenvolvimento de smart contracts (contratos inteligentes). Os smarts contracts, ou contratos inteligentes, consistem em programas que executam automaticamente os termos e condições de um contrato baseados no blockchain, a tecnologia de registro instantâneo, confiável e transparente de dados. Isso significa que, uma vez que o contrato é ativado, as ações acordadas (como transferências de dinheiro, registros ou qualquer outra transação) são realizadas automaticamente sem a necessidade de intermediários, reduzindo custos e aumentando a eficiência.
“Será como derrubar peças de dominó”, afirma a advogada Núria López, head de tecnologia e proteção de dados da Daniel Advogados. “A partir do momento em que uma for acionada, todas as demais serão derrubadas automaticamente.”
Segundo ela, esse “efeito dominó” será sentido pelas pessoas no cotidiano, embora a maior parte dos temas em desenvolvimento sejam estruturantes para a adaptação do mercado à nova tecnologia.
Estadão