Rosas di Maria 2
Inácio de Barros Melo Neto é o novo acionista relevante da Americanas
economia

Quem é o homem que investiu mais de R$ 10 milhões em ações da Americanas

Inácio de Barros Melo Neto, 44 anos, é o novo acionista relevante da Americanas, dono de 12,5% das ações da varejista. A empresa está em recuperação judicial desde janeiro de 2023, após vir à tona uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões.


Um acionista relevante é aquele que supera os 5% de participação no capital social de uma companhia e, portanto, deixa de ser minoritário. Sempre que isso acontece, a empresa precisa vir ao mercado anunciar o aumento de participação.


Foi o que aconteceu na noite da última sexta-feira (12), quando a Americanas emitiu um comunicado informando que Melo Neto havia atingido o montante de 113 milhões de ações ordinárias, o equivalente a 12,52% do total da companhia.


Em entrevista à Folha, Melo Neto afirmou que começou a comprar ações da empresa no ano passado, inspirado por uma entrevista de 2020 com o próprio acionista de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, em que ele dizia ser um bom negócio adquirir ações de empresas que estavam em crise.


"Quando eu vi o que aconteceu com o valor das ações, pensei: 'tem alguma coisa errada aí'. Os homens mais ricos do Brasil não vão deixar uma empresa desse tamanho quebrar", afirmou o advogado, referindo-se ao trio de bilionários que são os principais acionistas da empresa, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.


Membro de uma família tradicional de Olinda, Melo Neto comanda instituições de ensino –é diretor da Faculdade de Medicina de Olinda e do Colégio Ecolar. Foi candidato a vereador em Recife em 2012 pelo PSB, e também comanda o Instituto Maria Alcoforado de Barros Melo, voltado ao tratamento de crianças portadoras da Síndrome de Down.


Depois que a AGE (Assembleia Geral Extraordinária) da Americanas, no final de maio, confirmou o aporte de capital mínimo de R$ 12,6 bilhões, previsto no plano de recuperação judicial da companhia, Melo Neto se sentiu confiante para aumentar em 50% sua posição na varejista, com o investimento de R$ 10 milhões para atingir este mês os 12,5% de participação.


A julgar pelos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o seu patrimônio teve uma boa evolução desde 2012. Na época, ele declarou bens que somavam R$ 1,2 milhão.


O empresário confere o sucesso especialmente ao desempenho da Faculdade de Medicina de Olinda. "Arrisquei tudo na faculdade", afirma. "Já formamos seis turmas. Hoje são mais de 10 mil m² [de área construída], estou fazendo outro prédio agora de 3 mil m² só para um dos cursos. Quando comecei, eram 1.400 m²", diz ele que, além dos empreendimentos na área da educação, é também dono de uma construtora em Olinda.


"Estamos terminando o nosso primeiro empreendimento, um prédio de 32 apartamentos. Mas construção suga muita energia", diz.


'QUERO SER LEMBRADO COMO UM HOMEM DE CORAGEM'
O empresário afirma que vem acompanhando o processo de reestruturação da Americanas e diz acreditar que a empresa vai se reerguer. Com isso, pretende vender suas ações no futuro. Ele está ciente, porém, de que a sua participação vai ser muito diluída em breve.


A AGE de maio também confirmou o grupamento de ações ordinárias e bônus de subscrição da Americanas, na proporção de 100 ações ordinárias ou bônus de subscrição para 1 ação ou bônus de subscrição da mesma espécie, sem alteração do valor do capital social da empresa.


Com isso, a fatia de Melo Neto vai ser reduzida a menos de 1%. O trio de bilionários deve ficar com cerca de 49% do capital (contra 30% que detinha em fevereiro de 2023) e, os bancos, principais credores da Americanas, com aproximadamente 48%.


Questionado se não teme investir em uma companhia que está sendo investigada pelas fraudes contábeis que cometeu por diversos anos, o advogado diz que "problema existe em toda empresa." "Quero ser lembrado como um homem de coragem", diz ele, que tem a Americanas como o único ativo da sua carteira.


"Eu me apego a alguns fundamentos, como o aporte desses três empresários. Foi muito dinheiro [na fraude], mas eles localizaram o problema e estão reagindo, fizeram um aporte. O patrimônio deles é muito maior do que isso [valor fraudado no balanço]", afirmou.


"Se Lemann, Telles e Sicupira quebrarem, o Brasil vai junto, né? Seria uma agressão à economia nacional", afirma. "Por isso, se eu puder dar uma dica, eu digo: compre Americanas. Está muito barato o papel e ele deve sair desse patamar."


Na opinião do consultor André Pimentel, sócio da Performa Partners, a ação deve apresentar alta volatilidade daqui para frente. "Mas cada um arrisca conforme o seu apetite", diz ele, que já participou da primeira reestruturação da companhia, no final dos anos 1990, quando estava na Galeazzi Associados.


A ação da Americanas encerrou esta segunda-feira cotada a R$ 0,62, recuo de 10,14%.


O ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez, que comandou a varejista por 30 anos e é o pivô da fraude bilionária, chegou a ser preso no final de junho na Espanha. Ele foi solto um dia depois e segue em liberdade na Europa.


Na última quarta-feira (12), o MPF (Ministério Público Federal) pediu à 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro a extradição de Gutierrez.


Folha de São Paulo

cuidare_certo_mobile-01_1.gif Banner_Blazer_Evs_400x400px.jpg oorathoria_mobile-1_1.gif BANNER_MOBILE_SITE_RN_400x400.png 96 - FM - depois do post

0 comentários para "Quem é o homem que investiu mais de R$ 10 milhões em ações da Americanas"

Deixe uma resposta para essa notícia

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

/1000.


Posts relacionados

Anuncie com a gente Documento com valores para anúncio

Mais lidas

  1. 1

    Briga e desaforos no Buongustaio

  2. 2

    O que leva um deputado federal a não assinar a CPI do INSS?

  3. 3

    Minhas demissões

  4. 4

    O dia que o vice-governador foi pedir minha cabeça e Ênio Sinedino colocou ele para correr

  5. 5

    [VÍDEO] Incêndio grande em loja de Parnamirm

FACEX BANNER MOBILE