A cada rodada de um grande campeonato, um hábito se repete entre torcedores: correr para o Google e digitar "onde assistir". Com os direitos de transmissão espalhados entre TV aberta, fechada e diversas plataformas de streaming, a busca a cada partida se tornou uma das mais frequentes nos dias de evento.
Esse comportamento tornou-se comum em relação a campeonatos internacionais, como a Champions League e outras ligas europeias, logo passou a ser necessário em relação aos estaduais e, a partir desse ano, será impulsionado também pelo Campeonato Brasileiro, que terá seus jogos exibidos por Globo, Record, CazéTV (YouTube), Sportv, Prime Video e Premiere.
Pela primeira vez em mais de 30 anos, o certame terá seus direitos de transmissão pulverizados em diversos "players", como o mercado de comunicação costuma se referir às emissoras e plataformas. Isso não acontecia desde 1992, quando o Grupo Globo passou a monopolizar as transmissões, com exceção a momentos nos quais compartilhou partidas com a Record e a Band, mas sempre sub-licenciando direitos.
Antes do domínio da emissora carioca, a negociação dos direitos do nacional passou por diferentes fases. Nos anos de 1970, foram negociados em grupo e divididos entre a extinta TV Tupi e a TV Cultura. Ao longo da década, os canais receberam a companhia de TV Gazeta, TVE Brasil, Band, Record e Globo nas transmissões, que muitas vezes ocorriam em formato de VT (vídeo tape, reprise), horas depois do evento.
Na década seguinte, surgiu um grupo formado inicialmente pelas 13 equipes que lideravam o ranking da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com o objetivo de ganhar força nas negociações com as emissoras. Outras equipes se juntaram depois, mas o bloco ficou conhecido como Clube dos 13. Foi nessa época que os direitos de transmissão deram seu primeiro salto em valor de mercado e passaram a ser adquiridos majoritariamente pelo Grupo Globo.
Com a popularização da TV por assinatura nos anos de 1990, a empresa da família Marinho adotou novos modelos de exibição, com a transmissão de um jogo por rodada no SporTV, além da criação de seu serviço de pay-per-view, o Premiere.
Até 2016, a hegemonia da Globo foi, praticamente, absoluta, com exceção aos seus acordos de sublicenciamento com Record e Band. Naquele ano, porém, os canais do Grupo Turner chegaram ao Brasil, entrando na briga pelos direitos do Brasileiro. O conglomerado americano conseguiu convencer uma parte significativa de clubes da Série A a fazer um acordo válido pelo ciclo de 2019 a 2024.
O contrato, porém, acabou sendo rompido antes do período completo. Em 2021, em meio à pandemia de Covid-19, a Turner anunciou que não iria mais exibir o torneio a partir de 2022. Além da saída do conglomerado, o ano de 2021 ficou marcado por outra mudança que afetaria a negociação dos direitos de transmissão.
Surgiu naquele ano a Lei do Mandante, que ficou popularizada com esse nome justamente por dar aos clubes mandantes o direito de negociar a exibição de seus jogos, individualmente ou se juntando a um bloco. Antes, os contratos precisavam de acordos com as duas equipes envolvidas na partida.
Mesmo com a possibilidade de negociar diretamente com as emissoras, os clubes entenderam que negociar em grupos poderia ser mais rentável. Para maximizar as receitas para o ciclo 2025-2029, tentaram formar uma liga única para negociar em conjunto, mas disputas políticas provocaram um racha que ocasionou o surgimento da Libra e da LFU.
A Libra foi a primeira a vender os direitos de transmissão de seu bloco para o ciclo que se inicia com a edição deste ano. Em 2024, fechou contrato de exclusividade com o Grupo Globo para transmissões na TV aberta (Globo), na fechada (SporTV) e no sistema pay-per-view (Premiere) por R$ 1,1 bilhão.
A LFU, por sua vez, entendia que dividir seus direitos em pacotes poderia ser mais lucrativo para os times. No fim, fechando contratos com a Record, a CazéTV, a Amazon e a própria Globo, o grupo obteve um valor médio para cada clube semelhante ao da Libra, com R$ 1,7 bilhão no total.
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