Com o anúncio de desinvestimentos da Petrobras no Rio Grande do Norte na última década, a produção de petróleo em terra e gás natural no Estado passou por um período de estagnação. Nos últimos anos, porém, começam a surgir os primeiros sinais de recuperação, com aumento na produção de barris de óleo equivalente por dia e, consequentemente, repasses em royalties para o Estado e municípios impactados com a exploração.
A mudança está principalmente nos operadores desses combustíveis: os campos da Bacia Potiguar passaram todos a ser operados por produtores independentes, as “Oil Juniors”, que são responsáveis por 100% da produção em terra no Estado. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção por parte das “Oil Juniors” vem aumentando gradativamente ano a ano. Entre 2020 e 2025, período em que a Petrobras intensificou o repasse dos campos, a produção independente saltou de 14.187 barris de óleo equivalente/dia (dados de dezembro de 2020) para 38.539 barris/dia em março de 2025.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec-RN), em 2018 os produtores independentes respondiam por apenas 5% da produção em terra de petróleo e gás no Estado, com uma média de 2,35 Mboe/dia de Petróleo e 0,17 Mboe/dia de Gás Natural. Sete anos depois, sendo responsáveis por 100% dessa produção, a média atinge 32,45 Mboe/dia de petróleo e 6,75 MBoe de gás. O aumento é expressivo e chega a aproximadamente 1.280,71% na produção de petróleo e 3.853,17% na de gás natural pelos produtores independentes.
Dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec-RN) apontam que foram investidos R$ 2 bilhões no Estado em Capex (capital expenditure ou, em português, despesa de capital) pelas produtoras nesse intervalo de cinco anos. O número pode ser ainda maior até 2029, podendo chegar a um patamar de R$ 5 a 6 bilhões. Segundo o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do Estado, Hugo Fonseca, os números são animadores, uma vez que mostram a retomada de um setor que antes viveu um período de estagnação com a paralisação de investimentos por parte da Petrobras.
“De 2016 a 2022, tivemos praticamente uma estagnação de investimentos no Estado, principalmente porque a Petrobras deixou de investir na produção do RN. Com a chegada desses produtores independentes a partir de 2020 e o início da venda dos campos, com a chegada da PetroReconcavo, a 3R que hoje é a Brava, entre outras, eles chegaram com capacidade de investimento para poder retomar a operação e consequentemente aumentar a produção de petróleo no RN. Houve um incremento de investimentos a partir deste ciclo, a partir de 2019”, explica.
Tribuna do Norte