Veraneio: O primeiro amor
Veraneios são feitos de amor. Quando jovem o primeiro amor é aquele que queima o coração, dá um frio na barriga, é inquieto, agoniado, juras eternas são trocadas, tudo é muito sensível, inclusive os toques. Os olhos são de brilho, o cheiro é perfumado, todo canto tranquilo é local para trocas de afagos e carinho. A vida é de sonhos, esses não tem limites, tem a cor azul.
Levar a namorada para casa é um desafio, enfrentar o avô, os pais, o primo chato, os tios, todo mundo a avaliar e opinar a respeito da criatura escolhida. É quase um paredão polonês.
Os quartos com muita gente, o drama do banheiro, como agradar o amor com tanta gente, sem falar da falta total de privacidade.
Para ela não pegar o banheiro molhado, desceu e buscou o rodo, enxugou com afinco, mesmo sem nunca ter contribuído em nada para a organização da casa. Agora é diferente.
O mau humor deu lugar ao sorriso, todo prestativo, agradando todos, a paixão fala mais alto. A noite chegou, primeira noite, conseguiu apenas uns beijinho, privacidade zero, sem clima, o jeito foi dormir.
Na dia seguinte tinha um passeio para os Parrachos, todos da casa vão no barco lagosteiro que alugaram, hora de inventar uma doença, uma moleza, para ficar só os dois na casa. Assim foi feito.
A família vai passar três horas fora, a festa começa. Excitação, uma onda de calor. Amassos, mãos bobas. Até que a moça em um rompante de ansiedade puxa um terço, clama por Nosso Senhor Jesus Cristo e chama o namorado para rezar juntos. Nas próximas horas debulham o terço com fé, entre Avé Marias e Pai Nossos.