A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), comparou as prisões do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) com a do ex-presidente Fernando Collor, que desde ontem cumpre pena numa cela do presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió (AL). Lula havia sido preso em 2018 e ficou 540 dias enclausurado numa sala da sede da Polícia Federal em Curitiba, por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, um caso apurado pela Operação Lava-Jato. Em maio de 2021, porém, o Supremo Tribunal Federal anulou as condenações de Lula ao declarar a incompetência da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR) em julgar o caso. Já Collor foi preso após ser condenado pelo STF por embolsar 20 milhões de reais em propina de contratos da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras.
Para Gleisi, não se pode comparar as prisões de Lula e Collor. “A diferença fundamental entre o processo que levou Fernando Collor à prisão e a perseguição da Lava Jato ao presidente Lula é evidente: o primeiro é culpado das acusações e Lula sempre foi inocente. Contra Collor o STF tem provas, recibos de propina, milhões na conta, carros de luxo, além dos testemunhos convergentes”, disse Gleisi em suas redes sociais.
A ministra diz que a prisão de Lula foi ilegal. “Lula havia sido preso ilegalmente por ordem de um ex-juiz parcial [Sergio Moro], que não encontrou 1 centavo de origem ilegal em suas contas e o condenou por ‘atos indeterminados’, numa armação política com os procuradores da Lava Jato que foi anulada no STF, confirmando sua inocência. Justiça se faz a partir da verdade, jamais com manipulações oportunistas como as que fazem a turma do réu Bolsonaro e seu parceiro Sergio Moro”, escreveu Gleisi.
Confira a publicação de Gleise Hoffmann:

Seguidores dos perfis de Gleisi na internet reagiram às declarações da ministra, a maioria de forma negativa. Um dos internautas afirmou que Lula teve as provas de seu processo anuladas, as delações não valeram, e Collor teve as delações validadas e as provas valeram. “Se tudo fosse validado creio que deveriam ser companheiros de cela”, reagiu um internauta. “Vocês vivem em um mundo paralelo, só pode. Fica calada que é melhor”, escreveu outro. “Quem entregou a BR Distribuidora ao Collor?”, perguntou outro internauta. Muitos internautas fizeram questão de lembrar de acusações contra Gleisi durante a Lava-Jato.
Gleisi Hoffmann é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal por corrupção. Conforme antecipou VEJA em 2018, a Polícia Federal concluiu que a ministra recebeu dinheiro da empresa Consist, em um esquema de desviou 100 milhões de reais no Ministério do Planejamento, quando o ministro era o ex-marido de Gleisi, Paulo Bernardo. O volume 12 do inquérito contra Gleisi está concluso desde abril do ano passado, para decisão da ministra Cármen Lúcia.