Será anunciado amanhã o maior bloco partidário do Brasil, ultrapassando PL e PT.
A federação entre União Brasil e PP resultará na principal bancada da Câmara e do Senado, segundo o presidente do PP, Ciro Nogueira. "Serão 109 deputados e 14 senadores — igual ao PSD e PL —, seis governadores, e mais de mil prefeitos. E não vai demorar para atrairmos mais senadores", calcula.
uma força eleitoral e tanto! E a mais fiel representação do Centrão até aqui, sem necessariamente uma candidatura própria em 2026.
"Na eleição, teremos um gigante em termos de fundo eleitoral e montagem das chapas", comemora o líder do PP na Câmara, deputado Luizinho. "Após quatro anos de noivado [federação], poderemos discutir sobre o casamento [fusão]", elucubra.
O anúncio da federação está previsto para amanhã, às 15h, na Câmara, com a presença de caciques partidários, parlamentares e prefeitos. Mas ainda há um último enrosco no caminho: definir quem será o primeiro presidente da federação — Antônio Rueda, comandante do União Brasil, ou Arthur Lira, ex-presidente da Câmara.
Haverá um rodízio na presidência, que pode durar de seis meses a dois anos. É o que está sendo decidido em uma série de reuniões hoje. Apesar de a presidência da federação ser basicamente um cargo de "honra", como me definiu um aliado, "as vaidades humanas são complicadas".
Na prática, o que importa é a presidência de cada partido. O PP continuará sob batuta de Ciro Nogueira, e o União, de Rueda. Assim como cada um manterá seus líderes partidários, podendo votar em bloco ou de forma separada. O que a federação exige é que atuem em conjunto nas chapas eleitorais em 2026.
Ainda há conflitos em alguns estados, como Paraíba — em que o senador Efraim Filho (União) e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) disputam espaço — ou no Paraná, com Sérgio Moro (União) de um lado e Ricardo Barros (PP), do outro. Há disputas locais também em Roraima, Rondônia, Pernambuco e Alagoas. Mas as divergências estão sendo dirimidas. A federação tem apoio da maioria.
O deputado Mendonça Filho, do União, tem posição crítica. "A experiência da fusão entre DEM e PSL ainda não foi digerida. Foi tudo muito traumático, com querelas, dificuldades. O estilo de governança no âmbito do DEM tinha muito mais abertura em termos de discussão. Era um partido mais orgânico ideológica e politicamente. Fomos oposição ao governo do PT durante 13 anos. Já o PP foi governo, próximo ao PT até o impeachment", pondera.
No radar da federação estão as eleições de 2026. E aí as opiniões divergem.
Para Mendonça, o "sentimento no União é claramente de oposição. Não vejo deputados, base partidária próxima a Lula. Temos posição antipetista histórica". Ele apoia que o candidato da federação seja o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
Caiado diz que, para que o acordo da federação fosse efetivamente selado, foram assumidas duas premissas fundamentais: o afastamento do governo Lula e ter candidato próprio para disputar a Presidência.
Já outros caciques importantes, em off, afirmam não acreditar em candidatura própria. "Iremos nos concentrar no Parlamento", afirma uma liderança. Outro líder diz que a candidatura será de centro-direita, não necessariamente própria. Sobre Caiado, "ele tem de se viabilizar", conclui. Para ele, o desembarque do governo Lula está próximo.
Os números, por enquanto, mostram que é uma afirmação precoce. Entre os partidos da Câmara, segundo deputados, o PP é o que mais vota matérias com o governo — cerca de 75% dos votos —, exceto nas matérias de costumes. Já o líder do União na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, recusou o ministério das Comunicações, o que mostra cisão na bancada. A indicação para o cargo ficou com Davi Alcolumbre, presidente do Senado, descrito por aliados como o maior apoiador de Lula hoje no partido. A colcha de retalhos em gestação abre muitos caminhos à frente. Mas é difícil imaginar a federação a ser anunciada amanhã no palanque de Lula em 2026.
Amanda Klein - UOL