Viajar para fora do País ficou ainda mais pesado para o bolso, e não só por culpa do dólar ou das passagens aéreas. Agora, com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a alíquota de transações como a compra de moeda em espécie ou remessas para contas no exterior do mesmo titular saltou de 1,1% para 3,5%. Isso representa uma alta de 218% nas taxas dessas modalidades, comprometendo o orçamento de quem já está com as malas prontas.
Ao E-Investidor, Antonio Pontes, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, dá um exemplo prático dessa mudança: para um câmbio de R$ 10 mil, o custo com o IOF, que antes era de R$ 110, passa a ser R$ 350. “Esse cenário muda completamente o planejamento financeiro de quem tem viagem marcada nas próximas semanas”, alerta.
Ainda assim, o impacto do imposto sobre operações financeiras foi menor no cartão de crédito e débito internacional. Nesses casos, a alíquota passou de 3,38% para 3,5% — mas o aumento também contribui para encarecer os custos gerais de viagens. Com o novo cenário, para quem vai embarcar ou já está no exterior, Pontes recomenda antecipar a compra da moeda física e o envio de recursos. “Assim, você garante uma taxa de câmbio já fixada e reduz o risco de novas surpresas de última hora.”
A mesma recomendação é feita pela educadora financeira do Banco Neon, Daiane Alves, que lembra que essa antecipação vai permitir que o viajante arque com essa despesa extra, sem deixar todo o custo para a proximidade da viagem. “Isso pode fazer com que o planejamento financeiro seja readequado antecipadamente”, explica.
Mitigando os efeitos do IOF
Ao começar a traçar planos para uma viagem internacional, a recomendação do planejador financeiro Jeff Patzlaff é sempre reservar um valor extra em moeda forte, como dólar ou euro, para emergências. No entanto, essa alternativa deixou de ser viável para os viajantes que já estão no exterior ou com as malas prontas, uma vez que o decreto do governo entrou em vigor praticamente de forma imediata.
Ainda assim, há maneiras de atenuar os impactos do novo IOF, especialmente para quem não conseguiu se antecipar na compra de moeda ou na remessa de valores. “O cartão pode continuar sendo uma opção vantajosa em destinos onde portar dinheiro em espécie representa um risco maior, ou quando o viajante busca maior controle sobre os gastos”, explica Patzlaff.
Segundo ele, outras alternativas podem incluir métodos eletrônicos ou cartão pré-pago, além das plataformas de remessa que tiverem um spread reduzido (diferença entre a cotação comercial da moeda e o valor que a instituição cobra), que ajudam a compensar o impacto da alíquota mais alta. Na tabela abaixo, o especialista simulou os impactos finais da mudança nas principais contas globais e cartões de crédito internacionais disponíveis no mercado brasileiro.
Planejamento financeiro para as viagens internacionais
Quem ainda está apenas planejando uma viagem ao exterior deve lembrar que o IOF não é o único fator a pesar no bolso. Em momentos de forte oscilação do câmbio — como o atual —, combinada à taxa básica de juros (Selic) ainda elevada no Brasil e à instabilidade nos Estados Unidos sob o governo Trump, esses elementos podem influenciar diretamente o valor que, de fato, é possível usufruir no destino internacional.
Daiane Alves, do Banco Neon, lembra que, diante dessa mudança no IOF, o ideal é que quem for viajar se planeje com antecedência em relação aos passeios e itens que quer comprar, deixando uma margem para aproveitar conforme o que for conhecendo. “Só que esse planejamento é prévio, e deixará o turista alinhado com o seu orçamento, além de mitigar os gastos em excesso”, afirma.
Já Antonio Pontes, da The Hill Capital, sugere ficar de olho no spread e nos benefícios para chegar na melhor decisão antes de viajar. Ele reforça que, mais do que escolher a plataforma, vale a pena procurar atendimento personalizado e negociar o spread de câmbio. “A maioria dessas plataformas aplica um spread fixo, o que pode ser revisto caso haja atendimento humano por trás”, diz.
Enquanto isso, com base no levantamento elaborado acima, Patzlaff destaca que os cartões de bancos costumam ter custos mais altos do que o das contas internacionais, mas as contas de cooperativas podem oferecer opções que pesam menos no bolso. “Mas sempre observe o valor no exato momento da conversão da moeda, seja por uso (cartões nacionais) ou por envio (nas contas internacionais).”
E-Investidor - Estadão