O agora ex-ministro Carlos Lupi, que deixou um governo petista pela segunda vez por causa de um escândalo, se prepara para apagar incêndios no PDT, partido do qual é presidente licenciado e que enfrenta ameaça de debandada de deputados no Ceará e perda de relevância nacional.
O partido, que hoje tem 17 deputados federais, chegou a ter 46 parlamentares eleitos na Câmara em 1990, quando Leonel Brizola foi eleito novamente governador do Rio de Janeiro.
A crise no PDT se aprofundou nas eleições de 2022, com a briga dos irmãosCiro e Cid Gomes no Ceará. O ex-ministro da Fazenda defendia uma posição independente do partido na disputa pelo governo estadual, enquanto Cid queria que a legenda apoiasse o petista Elmano Freitas, que acabou vencendo o pleito.
O racha fez com que Cid saísse do PDT e fosse ao PSB, levando a maioria dos deputados estaduais. Alguns parlamentares federais pedetistas, nos bastidores, sinalizaram que farão o mesmo na janela partidária.
Em 2024, nas eleições municipais, novo ponto de atrito interno. Aliados de Ciro defendiam que o PDT ficasse neutro na disputa entre Evandro Leitão (PT) e André Fernandes (PL), enquanto outros, como o ex-prefeito Roberto Cláudio, declararam apoio ao bolsonarista. Houve ainda descontentamento em relação à distribuição do fundo eleitoral, com acusações de que Lupi privilegiava somente pessoas próximas.
Para tentar reverter a perda de relevância nacional, Lupi negocia formar uma federação partidária —houve conversas com PSB, Solidariedade e PSDB. A negociação busca evitar que o partido não cumpra cláusula de barreira em 2026, o que tiraria acesso a recursos públicos.
Painel - Folha de São Paulo