Contos da quarentena: Os barulhos
Moro no 13° andar, depois do dia 18 de março quando começou minha quarentena descobri que tem um galo perto de casa, ele canta (grita) o dia todo. Já imaginei que ele é feliz, que é um som do acasalamento ou mesmo que é torturado 24 horas por dia. O galo é chato.
A grama do prédio que moro cresce de forma absurda, todos os dias o jardineiro tem que cortar, a máquina faz um barulho terrível, enlouquece qualquer cristão.
O silêncio é tão grande, que escuto pingos de torneiras, conversas dos vizinhos, o picolé de Caicó, as vezes motos passando na rua e o som de uma casa perto, não sei identificar qual é.
Sempre tenho um rádio ligado, às vezes TV, os sons ficam misturados. Não tem vento, é abril, o ar-condicionado não faz barulho, sinto saudade dos disparos do que tinha na casa da minha avó, sempre tinha a sensação que ele iria explodir.
No final da tarde as crianças descem para o parquinho, é uma algazarra, gosto desse barulho. A sorte que a piscina foi fechada pelo coronavírus, não gostava do barulho das braçadas.
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