Amigos, estou postando esta mensagem para me despedir de vocês.
Descobri que morri. Apenas não chegou ainda o comunicado oficial. De acordo com entrevista com representante da área de saúde do Governo Federal que assisti ontem (04/04/2020), ao longo do tempo 100% das pessoas serão infectadas pelo vírus chinês, chamado de novo coronavírus. Como estou no chamado grupo de risco (acima de 60 anos), e não sou ex-atleta como o presidente Bolsonaro, não deverá ser apenas um “resfriadozinho” ou uma “gripezinha”: a morte parece ser provável, apenas uma questão de tempo. Confesso que não tenho medo dela, apesar de não a desejar. Tive uma vida muito melhor do que nos meus melhores sonhos, quando criança. Quando via um “velho” com 50 anos pensava: “será que um dia irei chegar nessa idade?”. Apesar de ter em minha família pessoas de projeção como o médico Milton Ribeiro Dantas e o jurista Múcio Vilar Ribeiro Dantas, minha mãe apaixonou-se por um agricultor bonitão, casou-se e foi morar em Poço Limpo (atual Ielmo Marinho). Minha mãe era ainda irmã de José Maria Vilar de Queiroz, que seguiu carreira diplomática com grande destaque. Atualmente tenho a alegria de ver outros expoentes da família destacando-se em suas áreas, pessoas que muito admiro, como o ministro Marcelo Navarro e o brilhante médico Rodrigo Villar. Pois bem: casada com um agricultor e funcionário público que cuidava do posto de saúde do distrito, as dificuldades eram muitas, assim como a quantidade de filhos (foram 12 ao todo, dos quais se criaram 10). Com dificuldades financeiras muito além do que vocês possam imaginar, minha mãe resolveu vir morar em Natal, com seus então cinco filhos menores (mais cinco vieram depois). Na cabeça dela, estudar em Natal era a única oportunidade para seus filhos mudarem de vida. E haja dificuldade. Quando se fala de maneira utópica no drama de “passar fome “, pude saber na carne o que é isso. Mas, como sempre fui muito curioso, descobri uma estratégia bacana: quando estava com fome e não havia o que comer, ia dormir, a qualquer hora do dia. Afinal de contas, dormindo não se sente fome. Com muita sorte, esforço e trabalho tive a oportunidade de “vencer na vida” como se costuma dizer. E silenciosamente ajudei muita gente, tanto pessoalmente quanto profissionalmente, desde familiares a dezenas (ou centenas) de outras pessoas que cruzaram meu caminho. Como sou um ser humano muito imperfeito, também cometi muitos erros e falhas. Pois bem: aos 65 anos, três filhos e quatro netos (a última nasceu há duas semanas), considero-me uma pessoa realizada, e pronta para passar “dessa para a outra”, embora não tenha pressa. Enquanto isso, vou continuar curtindo minhas músicas e filmes, trabalhando remotamente (e tenho trabalhado bastante), interagindo com pessoas inteligentes como vocês, curtindo a mulher, filhos, netos e amigos e tomando meu vinho, que ninguém é de ferro. Quando minha morte ocorrer oficialmente, todos vocês deverão ficar sabendo. Não quero velório nem ninguém chorando por perto. Brindem à vida. Forte abraço.José Maria Vilar: Despedida
Texto de José Maria Vilar:
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