O que pareceu um simples acordo de organização da rede de atendimento a gestantes de alto risco, conforme foi divulgado pelo Governo do RN, escondeu a imensa insatisfação da direção da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) com a falta de controle do Estado, em especial, com a gestão da saúde. Por isso, inclusive, a unidade está fechada para o envio de novos pacientes e continuará com os termos atuais do acerto entre as partes só até o fim do mês.
Isso porque durante meses, a Januario Cicco foi forçada a operar no sobrecarregada porque o Estado, simplesmente, não cumpria o acordado: mandava um número de pacientes bem maior que o previsto e transformava a maternidade escola quase em um hospital referência, quando na verdade deveria ser apenas um complemento.
A situação ficou insustentável nos últimos dias, quando a Januário Cicco beirou a condição de calamidade pública, com pacientes no corredor, falta de ponto de oxigênio para bebês, falta de berços. Para se ter uma ideia, nos últimos dias, a maternidade escola recebeu 27 encaminhamentos para atendimentos de urgência, enquanto o hospital referência do próprio estado para isso, recebeu apenas sete.
Vale lembrar que a situação não é recente. Desde 2013, a direção da unidade já havia entrado com uma ação na Justiça Federal para impedir que pacientes continuassem enviando para a unidade os atendimentos, o que forçou a implantação de um sistema de regulação que jamais funcionou como deveria.
A regulação nunca funcionou quando deveria funcionar, o que forçou, agora, a direção da unidade hospitalar cobrar o rompimento do antigo acordo e a realização de um novo.