A produção industrial brasileira cresceu 8,9% em junho, mas ainda fechou o segundo trimestre deste ano com uma contração de 19,4% devido ao baque sofrido na pandemia do novo coronavírus. O recuo é o maior da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e vai impactar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre.
Segundo o IBGE, a indústria brasileira acumulou uma perda de 26,6% nos meses de março e abril, quando diversas fábricas interromperam suas atividades devido às medidas de distanciamento social impostas pela pandemia de covid-19. E ainda não conseguiu reverter todo esse baque, mesmo crescendo 8,2% em maio e mais 8,9% em junho, com a flexibilização do isolamento social e a reabertura das fábricas.
“Embora tenha crescido numa magnitude importante, acumulando expansão de 17,9% nos meses de maio e junho, a produção industrial ainda está longe de eliminar a perda concentrada nos meses de março e de abril. O saldo negativo desses quatro meses é bastante relevante, de -13,5%”, calcula o gerente da pesquisa, André Macedo.
Por conta disso, o saldo do segundo trimestre deste ano foi negativo em 19,4% para a produção industrial brasileira, com perdas generalizadas em todas as quatro grandes categorias econômicas do setor.
Segundo o IBGE, o recuo foi de 64,9% na produção de bens de consumo duráveis, que foi influenciada pela menor fabricação de automóveis (-83,2%) e de eletrodomésticos (-33,2%) no segundo trimestre. Já nos bens de capital, a queda foi de 38%, puxada pela redução da produção de bens de capital para equipamentos de transporte (-61,1%) e para fins industriais (-33,0%). A produção de bens de consumo semi e não-duráveis (-16,7%) e de bens intermediários (-12,7%) também fechou o trimestre no vermelho.
O baque de março e abril foi tão grande que a produção industrial brasileira ainda registrou um resultado negativo no primeiro semestre deste ano: -10,9%. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo também é negativo em 5,6%, o maior recuo desde dezembro de 2016 (-6,4%).
Correio Braziliense
Foto: Acervo/Elias Medeiros