Mais uma festa, um dos netos da nossa casa de veraneio estava ansioso, era outra oportunidade de encontrar uma paquera, há três anos ele tentava e nada. Era gordinho, usava óculos, tinha cara de nerd, mas as coisas mudaram. Ele entrou no Crossfit (já batia fotos pós-treino com roupinhas apertadas, suado e acompanhados de machos), fez cirurgia de miopia, mudou o guarda-roupa. Já tinha passado no enem, era um garoto de futuro. Não tinha dúvidas, chegou a hora de pegar a gata.
Ela era alta, corpo todo proporcional, popular, muito bonita e desejada. A concorrência era difícil. A noite, ela estava toda elegante, tinha comprado um vestido longo, cor única, com aquelas mangas fofas que deixam os ombros de fora, na moda.
A banda era Barões da Pisadinha (estão em todo canto, igual ao coronavírus) agora na praia de Tibau. Tem o encontro, troca de olhares, uma aproximação, conversa, sorrisos encabulados, vão dançar. Deu química, sobe um calor, desce um frio nas engrenagens, ele levemente passa o nariz no pescoço dela, que sente um arrepio, os corpos colados, até que surge o beijo.
Tinham que sair daquela festa, estão sem carro, com álcool na cabeça, foram andando até chegar nos morros de areias coloridas de Tibau. Era a oportunidade de ouro. O amasso estava grande, a testemunha era a lua nova (nada de frescura de lua cheia para clarear, era no escuro), o vento sobrava e assim ajudava a levantar o vestido folgado. As mãos dele percorriam cada centímetro do corpo dela, era possível escutar a respiração forte, ofegante.
Até que surge um cachorro pitbull que parte em direção deles, a carreira é grande, quebrou o clima. Voltam para a festa, a história continuar anos depois. Toda vida que ele vê uma garrafinha de areia colorida de Tibau lembra dela.