A Baumer S.A, contratada pelo Governo Fátima Bezerra por R$ 1,6 milhão para o fornecimento de ventiladores mecânicos (com defeito) durante a pandemia, está entre as empresas investigadas pelo Ministério Público Federal por desvio e fraude apontados na operação Ressonância, no Rio de Janeiro.
O caso foi revelado em agosto de 2018, quando o MPF denunciou 24 pessoas investigadas por fraudes em pelo menos 10 pregões realizados pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), entre os anos de 2007 e 2016. As fraudes estariam, justamente, na compra de equipamentos hospitalares.
De acordo com a investigação da Operação Ressonância, em todas as contratações, foi identificada a atuação do chamado “clube do pregão internacional”, um cartel formado por 35 empresas fornecedoras de equipamento de saúde que atuou por mais de 20 anos perante o Into. Entre as fornecedoras estavam empresas como Baumer, além da Philips, Johnson & Johnson e Microport.
“As fraudes a licitações, a cartelização e o pagamento de propina envolviam não só os contratos de aquisição de equipamentos médicos importados de alta complexidade, como também os contratos de aquisição de órteses, próteses e materiais especiais. As atividades de empresários e funcionários públicos envolvidos nessa grande teia criminosa eram coordenadas por Miguel Iskin e Sérgio Côrtes, responsáveis por angariar grandes fabricantes mundialmente reconhecidas e obter liberação orçamentária para as contratações em valores estratosféricos, as quais, segundo dados do TCU atingiram mais R$ 1,5 bilhão apenas no âmbito das contratações do Into, no período de 2006 a 2017”, explicam na denúncia os procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.