Em quatro votações espaçadas dentro de dois dias, a Igreja Católica escolheu seu novo líder: o cardeal norte-americano Robert Prevost, de 69 anos, anunciado na última quinta-feira, 8, como o novo papa — agora sob o nome de Leão XIV. Até então pouco conhecido fora dos círculos internos do Vaticano, ele superou nomes considerados favoritos, como o italiano Pietro Parolin e o húngaro Peter Erdo.
A escolha surpreendeu até os próprios cardeais. Segundo relatos de bastidores, Prevost sequer conhecia todos os detalhes do conclave— ele chegou a perguntar a outros cardeais sobre as regras da votação.
A nomeação de Prevost como cardeal foi recente, há menos de dois anos, seguindo duas décadas como missionário no Peru. Nomeado pelo papa Francisco para cargos estratégicos na cúria, o ex-líder da Ordem de Santo Agostinho reuniu atributos considerados valiosos para a maioria dos cardeais. Seus laços com a América Latina, onde morou, trabalhou e cultivou alianças também pesaram na decisão.
Parolin, até então considerado o mais forte, perdeu força ao evitar se comprometer com a continuidade das reformas de Francisco. Já Erdo, representante do bloco conservador, não conseguiu romper a resistência de cardeais da América do Sul, África e Ásia. As divergências entre os blocos abriram portas para Prevost, apontado como uma solução de consenso.
“O clima mudou rápido”, disse o cardeal Pablo David, das Filipinas, ao The New York Times. “Percebi que nem usaria as cinco mudas de roupa que levei”.
Nos dias que antecederam a votação, o cardeal de Chicago foi sorteado para auxiliar na condução das reuniões, o que aumentou sua visibilidade. Sem discursos inflamados ou pedidos de voto, ele teria fortalecido alianças discretamente, sobretudo entre cardeais da América do Sul e moderados europeus.
Ao fim do quarto escrutínio, Prevost atingiu os 89 votos necessários, e foi eleito papa Leão XIV, com quase 100 votos, entre os 133 em jogo. Agora, a Igreja inicia uma nova fase sob comando de um pontífice americano pela primeira vez na história.
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