Contos do confinamento: A família e o pum
No confinamento você vai se deparar com algo que de fato você não conhece, sua família e seus hábitos. Por mais que se encontrem, deixar o filho no colégio, algumas refeições, a convivência passa a ser 24 horas e aí começam os problemas. Espaço reduzido, incertezas, agonia, filhos a perturbar, gritos, barulho. Você não tinha noção que inferno é seu lar e como as pessoas são chatas. O vídeo game funciona 24 horas por dia, a TPM da esposa começou junto com a quarentena, a secretária está em casa, a bagunça toma conta do “lar” e sua esposa só faz reclamar. O débito no cheque especial aumenta todos os dias, os bilhões liberados pelo governo não chegarão a sua conta. Que saudade dos amigos, da resenha, daquela paquera. Uma das coisas mais cruéis do confinamento é não ter o direito de soltar o pum de forma individual, todos vão ter que respirar, tragar, inalar, o que piora mais o convívio familiar. Mesmo que o pum seja silencioso, o que perde um pouco a graça, as consequências são sentidas por cada membro da família, tome catinga, o ambiente fica mais quente e só piora o relacionamento. Se o pum for do provedor da casa, melhor, mas se for do filho adolescente o pau quebra.