Acabou o sonho de pertencimento, hoje foi o último dia dos inquilinos nos condomínios de "luxo" do RN. No Porto Brasil era gente chorando ao deixar o pedacinho do céu. Os carros lotados saindo, levaram até o restinho de arroz que tinha no saco, a comida será reduzida nos próximos dias. A sensação é que estavam saindo de um paraíso e indo para um campo de refugiados.
Mas tem o lado bom, foram 30 dias de glamour, de inclusão social. No Porto Brasil tem diversidade e todos convivem no mesmo espaço. Dos ricaços das casas aos pobres moradores da Faixa de Gaza, no Villa Imperial, na zona periférica do Porto Brasil.
São fotos no Instagram. Fotos do nascer do sol, do pôr do sol, do drink, do look, da silhueta. Um Campari pode durar horas em um copo, mas é sempre instagramavel. Reunir as amigas, fazer aquelas fotos que parecem uma barreira de futebol e sorrir. Não importa o calor, a fila para entrar no PB, a dificuldade de estacionar, a maravilha é fazer parte.
O Porto Brasil quebra até o conceito de luxo, ou seja, ter exclusividade, sensação de ser único. Lá é adensado, muvucado, misturado e bagunçado, mas todos ficam felizes, até a turma do muquifo por ter entrado depois da derrubada do muro.
Esse final de semana a turma que precisou alugar o imóvel em janeiro para sobreviver e pagar as prestações dos carros que estavam em atraso volta ao condomínio. Os inquilinos saem cheios de dívidas, com a barriga vazia e felizes por terem vivido o sonho. Vida que segue.