Motivo de medo e apreensão nas ruas das capitais em todo o país, os roubos e furtos de celular se tornaram, nos últimos meses, problemas prioritários a serem resolvidos pelo Ministério da Justiça. Apenas em 2023, foram 937 mil ocorrências como essas no Brasil, uma média de duas por minuto, em meio a uma sensação permanente de insegurança que, entre a população, não para de crescer. No primeiro mês deste ano, se consideradas apenas as cidades do Rio e de São Paulo, os registros desses crimes somam mais de 25 mil. Mas se no dia a dia é difícil lidar com situações como essas, há maneiras de se proteger preventivamente, para evitar maiores danos caso o aparelho seja subtraído.
A expansão das quadrilhas especializadas em roubo e furto de celulares está ligada a um lucrativo mercado criminoso que, de acordo com levantamento recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, movimentou 22,7 bilhões de reais apenas entre julho de 2023 e o mesmo mês do ano passado. E, como mostrou VEJA, é justamente essa rede obscura que se espalha pelo país e até transpõe barreiras internacionais.
Na busca por quebrar esse ciclo, as autoridades têm aliado sua atuação junto à tecnologia, rastreando os aparelhos roubados para recuperá-los. Para isso, no entanto, é importante que a localização do celular esteja sempre ativada, de modo que esse rastreio possa ser bem-sucedido. Compartilhar essa localização com amigos e familiares de maneira ininterrupta, por exemplo, pode ajudar nesses casos, e isso pode ser avisado quando a vítima registrar um boletim de ocorrência.
Outra dica valiosa é não deixar dados relevantes acessíveis em blocos de notas virtuais, por exemplo, e ativar a verificação em duas etapas especialmente nos aplicativos mais sensíveis — casos dos apps bancários ou aqueles de conversa, por exemplo. Apagar constantemente dados relevantes também é um hábito que ajuda a minimizar os danos em casos de roubo ou furto.
Quem puder evitar ter seus aplicativos bancários baixados no celular, também tem menos chance de sofrer golpes financeiros. Se isso não for possível, é importante ao menos deixar esses apps “escondidos”, não na tela principal. As autoridades recomendam ainda o uso de senhas fortes: de preferência, com a biometria facial do usuário, mas padrões de desbloqueio com “desenhos” também dificultam a atuação dos bandidos.
Até o momento, a principal ferramenta que auxilia nessa prevenção é o aplicativo “Celular Seguro”, desenvolvido pelo Governo Federal. Com atualizações recentes, o programa está disponível para iPhone e Android e facilita tanto o rastreamento do aparelho roubado, quanto seu bloqueio, mesmo após crime. Ao baixá-lo, é possível incluir contatos de segurança, como familiares e amigos, que podem ser acionados nesses momentos.

Funciona assim: em caso de roubo, furto ou perda, é possível interditar o aparelho, bem como o acesso a bancos e órgãos públicos, por meio da opção “bloqueio total”, que inutiliza completamente o IMEI (número de identificação instalado na fábrica), ou “recuperação”, em que as funcionalidades e informações podem ser restauradas se ele voltar para as mãos do dono.
Além disso, com os cadastros dos usuários, o Ministério da Justiça tem uma plataforma nacional de registros dos celulares e de seus donos, o que facilita no combate ao crime. Assim, nos aparelhos roubados cadastrados no programa que permanecem ativos, sempre que um novo usuário se logar na rede receberá uma mensagem informando que precisa levar a nota fiscal a uma delegacia para comprovar ser, de fato, o proprietário. Quem ignorar o aviso pode ser investigado por ter o CPF atrelado a um número suspeito.