Escassez de poltronas complica aéreas e atrasa modernização de aviões

29/04/2024 às 08:44


A escassez de poltronas de aeronaves está contribuindo para os gargalos nas cadeias de suprimentos do setor, prejudicando os planos das companhias aéreas de reformar os interiores das cabines e lançar novos aviões modernizados.

Os assentos, em particular os de primeira classe e executiva, estão entre os diferenciadores mais importantes para as companhias aéreas em sua tentativa de atrair passageiros. Uma combinação de fatores, incluindo regras de certificação mais rígidas e escassez de mão de obra decorrente da pandemia, continua a atrasar a produção.

Esses problemas na cadeia de suprimentos surgem enquanto as companhias aéreas correm para apresentar novas cabines em um momento de recuperação do impacto da pandemia.

A Lufthansa, na Alemanha, apresentou neste mês um novo conjunto de cabines para voos de longa distância como parte de um investimento de 2,5 bilhões de euros (R$ 13,7 bilhões) que foi significativamente atrasado devido a problemas na cadeia de suprimentos.

Programas extensivos de reforma de várias companhias aéreas, incluindo o programa de modernização de US$ 2 bilhões (R$ 10,2 bilhões) da Emirates, têm aumentado a demanda sobre os fornecedores.

A fabricante francesa de motores de jatos Safran, que também é uma das maiores fornecedoras de poltronas de aeronaves, disse na sexta-feira (26) que as entregas da classe executiva caíram 25% no primeiro trimestre deste ano porque algumas remessas foram adiadas para o segundo trimestre.

O presidente-executivo da empresa, Olivier Andriès, disse que as regras de certificação pelos reguladores se tornaram "muito mais exigentes" e estão impactando todo o setor voltado ao interior das aeronaves.

Os assentos premium são "realmente importantes para as companhias aéreas, são parte da diferenciação para os passageiros, mas também são complicados de projetar, fabricar e certificar", disse Nick Cunningham, analista da Agency Partners.

Executivos da Boeing e da Airbus disseram nesta semana que a cadeia de suprimentos do setor continua limitada.

O presidente-executivo da Airbus, Guillaume Faury, disse que a empresa ainda está enfrentando problemas com os suprimentos de equipamentos de cabine, não só de assentos, mas também de suprimentos de aeroestruturas. "Isso reflete a diversidade das dificuldades e desafios na cadeia de suprimentos."

A Boeing, que está lutando para conter sua mais recente crise após a explosão em pleno ar de uma seção de um de seus aviões 737 Max em janeiro, identificou os assentos como um motivo específico para a produção limitada do 787.

"Os fornecedores de assentos estão com capacidade reduzida. Muito disso é fornecido pelo comprador, mas mesmo assim, isso atrasa um avião", disse o presidente-executivo da Boeing, Dave Calhoun, aos investidores.

Mark Hiller, CEO da Recaro Aircraft Seating, principal fabricante de assentos de classe econômica do mundo, disse que a escassez de eletrônicos para sistemas de entretenimento a bordo continua a dificultar as entregas de assentos.

As companhias aéreas geralmente encomendam os eletrônicos e os fornecem aos fabricantes de assentos para instalação.

"A demanda aumentada e a aceleração na produção significam que, mesmo que [os fornecedores] estejam entregando mais do que há um ano, a demanda aumentou e, portanto, ainda há gargalos", disse Hiller ao Financial Times.

A empresa tem funcionado com turnos extras, também aos finais de semana, para lidar com as entregas atrasadas. Também instalou assentos em aeronaves que ainda aguardam o complemento dos eletrônicos.

"Hoje há uma recuperação tão grande no tráfego aéreo de longa distância que é um problema coletivo para todas [as companhias aéreas]. O que elas realmente querem é receber suas novas aeronaves", disse o analista Nick Cunningham.

Tim Clark, CEO da Emirates, disse ao FT em uma entrevista no início deste ano que estava frustrado com o estado da cadeia de suprimentos da aviação.

"Estou ficando um pouco cansado de ouvir, anos depois que a Covid acabou, que ainda temos problemas... atualmente estamos modernizando a um custo enorme mais de 160 de nossas aeronaves mais antigas. Então eu pensaria que qualquer cadeia de suprimentos voltada para esse tipo de organização estaria feita para sempre", disse.

Folha de São Paulo

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