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Stanislaw Rolim: FÁBRICA DE SACIS…

Por Stanislaw Rolim - Médico Amigos, boa tarde. Sei que o momento na saúde publica é difícil. Sei também que o que vou falar já é sabido por todos e estou “chovendo no molhado" mas, há horas em que a indignação bate à porta e precisamos fazer alguma coisa. Colegas, estamos trabalhando numa grande "fábrica de sacis". A traumatologia do Hospital Deoclécio Marques é um grande "faz de conta”. É apenas uma forma de dar satisfação ao paciente e dizer que há um hospital ortopédico para realizar as fraturas e, nós, por outro lado, também fazemos de conta que trabalhamos. É o que sempre falo: O ser humano se adapta a todas as situações e acho que alguns de nós já se acostumaram ao caos deste hospital. Olhem a gravidade disso: sem perceber, passamos a ideia de que o doente ficará completamente reabilitado da sua fratura, que basta operar seu "ombro quebrado" e tudo ficará bem novamente. Sabemos que não é bem assim que funciona, não no hospital em que trabalhamos. Todos os dias falta algo no centro cirúrgico. SEMPRE!!! Se contar aos meus colegas de residência que deixamos de operar por falta de compressa, falta de campo estéril, falta de roupa de mayo, falta de perfurador. Se disser que ainda operamos com perfurador de nitrogênio, que fazemos tibia e fêmur ainda usando placas e parafusos, que usamos fios de Kirchner para tratar úmero proximal, que, muitas vezes, nem operamos essas fraturas porque já estão com 3, 4, 5, 8 meses, eles não acreditariam!! Acho que nenhum de nós viu tamanho desserviço em nenhum lugar do país (aqui temos gente formada em diversos locais). Mas sabem da pior? Nós temos uma parcela de culpa nisso. Somos culpados por tamanho menosprezo dos grupos gestores do RN, em especial, desprezo pela ortopedia, simplesmente porque aceitamos trabalhar sob essas condições. Não estou aqui dizendo que deveríamos parar de trabalhar. Mas é que, em muitos, vejo a perda desse sentimento de revolta que por vezes me contamina. Todas as vezes que vou ao HRDML, me deparo com mal estar, algo que incapacita, que me faz refletir se estou fazendo mesmo a coisa certa. E olhe que nem entrei no mérito da discussão das remunerações e atrasos salariais. Infelizmente temos pratos para preencher de comida, e, para muitos não há tantas opções de trabalho. Mas, meus nobres, não percamos a capacidade de nos indignar!! Espero que o sentimento de comodismo nunca tome conta de nós!! Precisamos reclamar, sempre e, o mais importante, tentar fazer algo para mudar essa triste realidade. Por fim, acho que críticas sem sugestões não passam de declarações covardes. Kleidson, meu velho, vc é o menos culpado nisso tudo. Se há alguém capaz de fazer algo por nós, esse alguém é vc e, de verdade, acho que tem boa vontade em fazê-lo. Mas sozinho, certamente não conseguirá. 1. Em primeiro lugar: o hospital Deoclécio Marques de Lucena só tem capacidade de realizar cirurgias para fraturas diafisárias, tornozelos, clavículas e LACs. Só!!!!!! É impossível fazer as demais articulações enquanto nosso local de trabalho não passar por uma melhoria que vá desde o Centro Cirúrgico à melhoria nos materiais, novos perfuradores, assepsia de sala, vácuo de aspiração, instrumental adequado, etc, etc, etc… 2. É preciso, em qualquer cirurgia que seja, trabalhar-se em ambiente asséptico. TODOS os cirurgiões do hospital cansaram de operar tendo que matar moscas e outros insetos. Por favor, uma dedetização periódica é essencial para diminuirmos os casos de infecção (outra mazela que assola particularmente os pós-operatórios ortopédicos do HRDML) 3. Sugiro que as fraturas articulares sejam feitas nos hospitais particulares que tenham convênio com o SUS: Paulo Gurgel e Memorial. Bem ou mal, lá ainda consegue-se condições mínimas de trabalho. Faltaria apenas o material bloqueado e hastes, mas a secretaria daria um jeito de contratar empresas nacionais, com materiais nacionais e bloqueados quando necessários. Não queremos nada absurdamente caro, mas não dá para continuar fazendo a ortopedia que se fazia há 50 anos atrás. Nossa vizinha João Pessoa funciona assim e dá bastante certo. 4. Sugiro a presença de um instrumentador da empresa durante o uso de cada material. Não é necessária a sua entrada nas cirurgias, mas a sua presença para limpar e guardar o material, fazer reposição, sequência de uso, é essencial!!! Bastaria um para todo o centro cirúrgico. Vemos claramente os efeitos da ausência de alguém que conheça os materiais no HRDML. Lá o que não faltam são boas caixas mas estão incompletas, com chaves e parafusos trocados e, pasmem, com tamanhos diferentes. Enfim meus amigos, desculpem se me prolonguei, se falei demais… Sei que tudo isso já é falado noite e dia entre nós, mas não sei até que ponto essa realidade chega aos ouvidos nos nossos gestores. Gostaria que você, amigo Kleidson, fizesse chegar essas palavras aos que mandam na saúde do estado ou, além do famigerado coronavírus, viveremos uma verdadeira epidemia de aleijados, inválidos e encostados, a república dos Sacis do Rio Grande do Norte. Conte comigo.
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