Texto General Araújo Lima
Meu Caro Gustavo Negreiros, após 42 anos de Exército Brasileiro aprendi que devemos sempre cultuar o espírito de corpo e jamais o corporativismo. Mas aprendi também, que não podemos nos calar quando nos sentimos injustiçados.
Respeito o seu trabalho e sei do seu compromisso com a verdade, mas ao publicar sobre a falta de contribuição das Forças Armadas com a crise que assola o Brasil e o RN, porque os hospitais militares não estão sendo abertos à população, que seus equipamentos e o pessoal de saúde está sendo subempregado, vejo neste caso que são cometidos dois equívocos.
O primeiro é o conceito de subemprego, uma vez que os hospitais militares estão superlotados assim como os demais, a não ser que o atendimento à família militar seja considerado subemprego o que seria uma discriminação. O fato de não serem identificadas aglomerações nas portas dos hospitais militares não significa atendimento ou emprego reduzido, significa organização e método. Esses militares e seus familiares se não estivessem ali sendo atendidos estariam sobrecarregando ainda mais os hospitais da rede estadual.
O segundo equívoco é pensar que o atendimento em hospitais militares se trata de privilégios corporativos, engano, todos os militares do Exército, e com as outras Forças não é diferente, contribuem com o Fundo do Exército, que é o nosso Plano de Saúde e de nossos familiares. Ele está estruturado para receber o efetivo de cada Força, a abertura para a população não representaria uma solução para o RN, ao contrário desorganizaria o que vem sendo bem conduzido obrigando-o a sobrecarregar ainda mais os hospitais do Estado.
As Forças Armadas têm sim contribuído com o RN e com o Brasil nessa pandemia, mas sempre apoiando no que estabelece a nossa Constituição Federal. Os pelotões de fronteira por exemplo prestam apoio em saúde a indígenas e ribeirinhos, onde de fato a ausência do Estado é uma constante, o que não ocorre no RN.
Tenho absoluta certeza de que os militares, assim como seus familiares, jamais se oporão a contribuir com o esforço de guerra contra essa pandemia, mas isso só ocorrerá quando ficar claro que o engajamento é de todos os representantes dos demais seguimentos que encastelados em seus redutos limitam-se a publicar decretos, estabelecer restrições, aplicar recursos muitas vezes sem critérios legais, e sem abrir mão de nenhum de seus privilégios.
Agradeço a oportunidade de nesta resposta desfazer a ideia equivocada de alguns de seus seguidores que acredito também tinham uma ideia equivocada do papel dos hospitais militares. General ARAUJO LIMA