A primeira-dama Janja Lula da Silva disse que "os homens não sabem e não estão aí para o corpo da gente", durante visita a hospitais do Rio na manhã deste sábado (4), ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Os dois foram aos hospitais Clementino Fraga, no Fundão, e Maternidade Paulino Werneck, no Cocotá, onde discutiram medidas de reforço à saúde da mulher. A declaração foi feita depois da assinatura de portaria para oferta do Implanon, implante anticoncepcional, pelo SUS.
— Virar a atenção do ministério da Saúde para as mulheres é essencial. Não podemos mais permitir que as mulheres morram no parto ou que morram esperando na fila por uma mamografia. Precisamos discutir a prevenção a gravidez e a saúde de meninas e mulheres. Este novo método no SUS irá revolucionar — destaca Janja em fala improvisada ao final do cerimonial. — Os homens não sabem e não estão nem aí pro corpo da gente, mas tem meninas que começam a menstruar com 12 anos e recebem a orientação de usar um método contraceptivo por causa de uma menstruação absurda ou uma cólica violenta.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e o subsecretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde, Rodrigo Prado, também estavam presentes. Padilha reforçou que o implante subdérmico que será oferecido pelo SUS costuma custar entre R$ 2 mil e R$ 5 mil na rede privada. Ele espera a aplicação de 1,8 milhão de implantes até o fim de 2026. O método tem validade de três anos e possui menos contraindicações que outros já oferecidos, como o DIU. A cerimônia também procurou valorizar o trabalho na maternidade e a parceria com a rede municipal de saúde.
— Temos de multiplicar cada vez mais os espaços de acolhimento às mulheres pelo Brasil. Aqui, vemos que a parceria do governo federal com os municípios é importantíssima. A gente não consegue fazer tudo lá de cima. A gente precisa que os municípios sejam parceiros, que os prefeitos intendam a importância da saúde da mulher — afirmou. — Sou uma mulher na menopausa. E me impressiona o quanto o tema não é falado. A indústria farmacêutica já criou produtos para o homem ser mais viril até os 250 anos, enquanto que nós, mulheres, chegamos aos 45 desesperadas com a menopausa e a indústria não olha pra gente.
Às 9h, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, ao lado de Padilha e do presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro, Janja visitou o centro cirúrgico para acompanhar o mutirão do Agora Tem Especialistas. Anielle, Benedita, o reitor da UFRJ, Roberto de Andrade Medronho, e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também participaram.
Iniciativa dos ministérios da Saúde e da Educação, o Agora Tem Especialistas busca reduzir o tempo de espera no SUS a partir de um mutirão de cirurgias, consultas e exames especializados. A ação mobiliza 45 hospitais universitários federais da Ebserh e acontece em 24 estados simultaneamente.
— O Agora tem Especialistas, lançado pelo presidente Lula, busca mobilizar toda capacidade de saúde do país, seja pública ou privada — afirma Padilha. — É o maior e mais diverso mutirão realizado no país, do Norte ao Sul do Brasil. São mais de 10 mil atendimentos e procedimentos com mais de 1 mil tipos de cirurgias realizados. E não acaba hoje. Pretendemos realizar outros dois mutirões ao longo do ano, em setembro e dezembro.
A primeira-dama visita o Rio às vésperas da realização da Cúpula de Líderes do Brics, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, que reúne representantes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e dos novos países-membros.
Nesta sexta-feira (4), Janja compareceu ao velório de Juliana Marins, em Niterói. Na companhia da ministra Anielle Franco, a primeira-dama prestou homenagem à publicitária que morreu no fim de junho após cair de uma trilha no vulcão do Monte Rinjani, na Indonésia. Ela também participou de agendas com os ministérios da Educação, na Baixada Fluminense, e do Esporte, na Rocinha.
O Globo